Por dentro do Red Bull X-Fighters Brasília
O norte-americano Nate Adams venceu a segunda parada do Red Bull X-Fighters, realizada em Brasília, e após conquistar a temporada passada sem qualquer vitória o bicampeão eliminou o fantasma do topo do pódio, assumindo a liderança do campeonato. Depois de encarar Adams num duelo bastante parelho na final o australiano Robbie Maddison ficou com a segunda posição, e o norueguês André Villa terminou em terceiro.
Por parelho entenda-se uma vitória conquistada nos detalhes, por exemplo, executando manobras como deadbody e a combinação mcmetz para no hander lander, que levaram Nate a uma direção menos explorada por Maddison. Somado a isso, um backflip one hand take off - saindo da rampa de lançamento com apenas uma das mão segurando o guidão, se mostrou outro pormenor importante para o triunfo na capital brasileira. Adams também utilizou linhas diferentes, encaixando manobras em transfers, demonstrando domínio no uso da pista.
Tsunami flip do australiano Robbie Maddison, segundo colocado em BrasíliaFoto: Jörg Mitter/Red Bull
Robbie Maddison também teve momentos de brilhantismo, que podem ser condensados na sequência backflip sidesadle landing para sidesadle nine o-clock nac. Nesse breve instante Maddison fundiu combinações, complexidade, criatividade e fluidez. A passagem disputou o prêmio de melhor momento da noite, O Best Move, que acabou com Adam Jones, com a execução de um highlighter (dead body perpendicular à moto), embolsando mil e quinhentos dólares.
A iniciativa de Maddison torna evidente que os pilotos dedicam cada vez mais cuidados especiais à elaboração de suas voltas. Entre a fase classificatória e o evento principal os competidores têm a oportunidade de se reunir com os juízes e conversar sobre suas voltas. Ponderam o impacto de cada um dos critérios em sua pontuação, e ajustam seu plano da melhor maneira possível, às vezes sacrificando algo deliberadamente ou buscado equilibrar dois ou mais quesitos. Estratégia pura, e não por acaso Adams e Maddison passaram mais tempo trabalhando nisso.
André Villa, lançando um tsunami a partir do kicker, terceiro em BrasíliaFoto: Jörg Mitter/Red Bull
Outro exemplo curioso da importância desse conhecimento se fez por meio da vitória de Levi Sherwood sobre Eigo Sato. Com uma rotina vibrante, repleta de movimentos perfeitamente executados, Sherwood bateu o japonês com uma volta sem qualquer backflip. Perdeu na variedade de manobras e uso de pista, mas garantiu a vitória nos demais pontos de análise (Forma e Fluidez, Desafio & Execução e Energia & Empolgação e Entretenimento).
Levi Sherwood executando uma rotina sem qualquer flip foi capaz de bater Eigo SatoFoto: Andreas Schaad/Red Bull
Além dos nomes habituais do circuito, quem mais chamou a atenção na etapa brasileira foi Javier Villegas. O chileno fez sua reestréia no X-Fighters, depois de seis anos desde sua última participação. Num ambiente completamente diferente, confirmou seu nome como um dos freestylers que podem se alçar à elite muito em breve. Javier possui um repertório variado, e capacidade para adaptá-lo a diferentes condições. Também se mostrou hábil para ajustar rapidamente suas apresentações no curso do evento. Encaixou manobras diferenciadas, como um sidesolid finalizado com um seat grab indy bem demarcado, e um candy bar no hands para no hander lander. Contudo, teve que enfrentar André Villa em seu primeiro duelo, e acabou eliminado por cinco votos a zero.
Gilmar Joaninha Flores era o único brasileiro disputando a fase principal do evento. O piloto do Mato Grosso venceu a classificatória realizada entre os pilotos do País no dia anterior. Mas em condições completamente distintas dos eventos realizados no Brasil, Joaninha teve dificuldades. Ainda assim, teve alguns bons momentos, como fazer um backflip no primeiro dos dois saltos de terra, além de executar um flip fora de eixo, e movimentos laterais como nine o-clock nac e nine o-clock nac indy.
Adam Jones embolsou mil e quinhentos dólares do Best Move graças ao seu highlighterFoto: Gregg Newton//Red Bull
A próxima etapa do Red Bull X-Fighters ocorre em Roma, no dia 24 de junho. O cenário depois de Brasília está um pouco diferente, com Nate Adams encabeçando a classificação com 165 pontos. André Villa se manteve na segunda posição, agora com 145 pontos e Robbie Madisson vem em terceiro, com 110. Dany Torres despencou da liderança para quarta posição, com 100 pontos. O espanhol fraturou os dois pés quando treinava em sua pista, e estava sem condições de competir no Brasil. O desafio de Torres é se recuperar para a parada seguinte, e quem sabe reverter o resultado negativo de Brasília.
Classificação Red Bull X-Fighters - 2º Etapa - Brasília
- 1. Nate Adams (EUA)
- 2. Robbie Maddison (AUS)
- 3. Andre Villa (NOR)
- 4. Levi Sherwood (NLZ)
- 5. Eigo Sato (JAP)
- 6. Javier Villegas (CHI)
- 7. Adam Jones (EUA)
- 8. Blake Williams (AUS)
- 9. Beau Bamburg (EUA)
- 10. Gilles Dejong (BEL)
- 11. Gilmar Flores (BRA)